Eu sei que faço tudo errado
É essa pressa presa na minha língua e nos meus dedos
Eu faço tudo correndo
Porque quero incessante
Quero e sou insistente
Demoro a querer
Mas quando quero provo ligeiro
Porque gosto das coisas assim
É o meu jeito
Apenas gosto das coisas assim
Quando quero
Quero inteiro
Se não quero
Não atinge nem a íris
Mas se quero
Corro sopro
E digo
E declaro
E aperto
Porque eu quero
Nesse instante eu quero
Talvez seja esse meu coração burguês e mimado
Essa mania de bater o pé
E querer tudo que é errado
Mas eu quero
E gosto das coisas assim
Porque na maior parte do tempo me senti um gato escaldado
Limitado até o último fio de cabelo
E agora me sinto vivo
E completamente descosturado
Capaz que tecer teias como labirintos
E ser um humano que sente no mundo inteiro
A vontade das coisas prazerosas
E eu quero
Eu sinto poder querer
Agora mesmo
Posso fazer tudo errado
E me precipitar até o último fio da moral
Mas eu quero
Eu te quero muito
E não é por ti
É por mim
