O Cantor

O cantor silenciou a mente
No tapete do quarto
Em baixo da cama
Até a poeira dos móveis faziam barulho de mais
O estrondo do sol nos seus olhos astigmáticos
E as mãos calejadas de trabalhar, alisando o cabelo oleoso
Que agora já era pouco e grisalho
E a profundidade da altura, quando olhou pela janela
Uma altura que já nem assustava o salto
Sentindo-se sem sensores
Quando vestiu o casaco sem nem mesmo sentir frio, pela manhã
Quando a água passou diante e esnobe de sua degustação, pela tarde
Quando os bandos passaram a cantar jovialmente, pela noite
Ele ficou mais alguns momentos parado, não dava para lutar contra o tempo
Fez seu solo mudo naquele dia
O canto estridente da morte que chegava
Contra o medo do cantor
De morrer e deixar seu canto afinado a vagar solitário